segunda-feira, 14 de setembro de 2015

IV





Sergei, Sergei... somos sementes,
latente em nós estão as promessas de todos os tempos;
Eu deveria ser tudo ao qual pertenço, mas não encontro nada...
Então, anda!

Alguém escuta alguém?
Não, Sergei. Ninguém escuta ninguém,
todos ouvem apenas os motivos que os unem
Universalmente desunidos de si próprios, procuram, em contraponto, nos olhos alheios uma pista de direção que possa sanar a sede de si.
Saudade

Cada um de nós, criaturas que somos,
dançando sua própria música
no pavilhão límbico do confinamento.

Olhos vendados pelo lado de dentro
dia por dia, ao final do dia
uma vela, uma luz é apagada e uma porta é fechada em cada cômodo.

O incômodo
de uma vasta mansão que já nos foi tão familiar,
todavia, com o passar dos anos
tornou-se fragmentos de lembranças numa escura imensidão.

A perfeição é uma meta a ser seguida e não o alvo a ser alcançado, Sergei.

Quarks e léptons dançam sem categorizar o alheio.
Em meio à poeira de todos os tempos, não sabemos das estrelas supermassivas que se olham e se chocam.

Pois, uma vez mais somos e sempre nos comunicamos - unicamente - com partículas que, entrementes, jamais nos tocam.