segunda-feira, 14 de setembro de 2015

IV





Sergei, Sergei... somos sementes,
latente em nós estão as promessas de todos os tempos;
Eu deveria ser tudo ao qual pertenço, mas não encontro nada...
Então, anda!

Alguém escuta alguém?
Não, Sergei. Ninguém escuta ninguém,
todos ouvem apenas os motivos que os unem
Universalmente desunidos de si próprios, procuram, em contraponto, nos olhos alheios uma pista de direção que possa sanar a sede de si.
Saudade

Cada um de nós, criaturas que somos,
dançando sua própria música
no pavilhão límbico do confinamento.

Olhos vendados pelo lado de dentro
dia por dia, ao final do dia
uma vela, uma luz é apagada e uma porta é fechada em cada cômodo.

O incômodo
de uma vasta mansão que já nos foi tão familiar,
todavia, com o passar dos anos
tornou-se fragmentos de lembranças numa escura imensidão.

A perfeição é uma meta a ser seguida e não o alvo a ser alcançado, Sergei.

Quarks e léptons dançam sem categorizar o alheio.
Em meio à poeira de todos os tempos, não sabemos das estrelas supermassivas que se olham e se chocam.

Pois, uma vez mais somos e sempre nos comunicamos - unicamente - com partículas que, entrementes, jamais nos tocam.




terça-feira, 11 de agosto de 2015

III






Julio, você fechou seus olhos e seu coração.
eu sei
eu sei que a sua natureza 
Engana-te
quando pensa, sim, quando pensa...

Notívago, o púrpura dos seus sonhos
que se refugia na carapaça dos ventos
suspensos na sua garganta de nó Górdio
E se você me disser como é quando nada é
Eu direi a você como, quando nada foi


Julio, eu não me preocupo quando não procuro
você sabe
você sabe que minha natureza
Esgana-xx
enquanto tenta, sim, enquanto tenta...

E já que você sabe que nada se sabe
Não deixaremos que ninguém saiba
Que não soubemos saber
Além de à beira-rio - a paz
 o óbolo ao barqueiro sombrio.








quarta-feira, 8 de abril de 2015

II




Ah... Maximiliano, por que choraminga por migalhas do destino?  Ah, sim... você nada em um mar de nada no meio do nada.
Anda...!

Vê que, assim como Eustáquio, eu não travo briga por um pedaço de osso.
E talvez você se importe com o fato de eu não me importar, porém de antemão aviso que nada disso me interessa.

A questão é que mesmo sob as condições necessárias e tempo de florir, não me dou com estufas.
Minhas raízes não tomam o chão, não estou confinada à me prender ao solo, firmar, crescer e dar frutos. Rupícola que sou, tenho muito à escalar com raízes ao vento. 

E é por isso que meus sonhos não se firmam aos seus, e é por isso que suas palavras são apenas melodias apreciáveis trazidas e levadas pelo vento, pelo tempo...

E se outra se insinua, que juntos se insinuem, por favor.
Perceba que muito me cansa o caráter mole e os olhos de lesma que passam deixando rastro.
Por isso não te canses, meu querido, ao planejar o escondido. 

De fato, o fato é que o que lhe dá mais prazer é o ato de fazer-se de mascarado escondendo de ti mesmo a percepção de que não me interessa, nem um pouco, esse seu carnaval. 
Amores consagrados têm sido batizados a cada esquina.

Muito me cansam, muito me cansa, já que o que aspiro é o que me inspira
E o que não me inspira em mim não permanece, nutriente não essencial
A sua falta não é meu mal

Cada vez que meus olhos piscam veem mais significado do que onde você vê beleza
Tenho muito o que fazer e não há tempo para procurar por confiança
Só não saberei lhe dizer se é no meu ou no seu habitat que se extinguiu tal proeza.

                                                             -*-




                       C/ Merlot.

domingo, 4 de janeiro de 2015

. . . ..



Sim, Emiliano...
Houve uma época em que acreditei que os desejos deveriam ser apenas desejados
Houve a época em que eu acreditei que as palavras eram mais do que um contexto momentâneo
Viver é renovar-se nos medos através do sofrimento, pois não haveria de ter luz se o pavio não ardesse.

Está claro, Emiliano... tudo se resume ao momento presente que se passa em cada um de nós
Qual inspiração tenho eu dos meus heróis se a proximidade revela-se em desgostos e fraquezas?
Aparência, o mundo é o que não é.
E os meios de comunicação forjam e os origamis vão na enxurrada
A realidade, para cada um, é sempre melhor enquanto maquiada das cores que parecem mais radiantes aos seus respectivos (...)

Ora! Mas veja, Marluce! O Tucunaré pouco se importa com a cor da pena do Pavão.

Resistência, 30 tormentos e 1/2 copo de água fresca,
Engula: acompanhar a mudança de humor alheia é amarrar-se em uma carruagem como latinhas de recém casados.

O que depende de mim? O que não depende de mim?
Passo pela vida como quem pode passar com os pés em carne viva em salmoura, cacos, brasa,
Vezes sim, Vezes não.

Vê... V
Que medo tem quem nada tem?

Nem um.