quarta-feira, 23 de junho de 2021


 

Parmênides, hoje eu me sentei com todos os meus medos num jantar tenro e farto de expectativas gourmetizadas e dialoguei
comigo mesma, sei o quanto cri
que batendo os pés e as mãos em meio ao oceano toda a agitação 
transformaria a água em terra firme

Entretanto, só encontrei a firmeza que buscava ao afundar
 alcançando a terra no inconcebível fundo do oceano
na profundidade mais escura de mim mesma

 Parmênides, se eu sou o riacho e a água seca ou transborda
é tudo somente porque também sou as margens
mas não havia ainda me percebido
perpetuando os esquemas, toda essa engenhosidade pontualmente perpetuada por mim

Engasgamento, quando Ouroboros saciou-se de si
porque eu sou a água e as margens floridas
e enquanto Rá me toca, transcendo com sua máxima do Templo em Delphos
assim, sou eu mesma também, a precipitação
eu sou o rio, as margens e a chuva 
e o outro: o outro começa somente no momento em que eu termino