sábado, 18 de outubro de 2014

...

Ron di Scenza

De mãos atadas, Mikhail, de mãos atadas 
Ou estariam as mãos realmente libertas e lavadas? 
Se a vida pede para que peçamos menos 
Se a vida quer que queiramos menos 
Que assim seja, Mikhail, 
posto que de outro jeito não haveria de ser, mesmo... 

Mesmo, mesmo que... 
Mesmo que eu soubesse o que me espera 
Mesmo que eu vivesse e morresse a cada dia unicamente por uma, por essa, causa única 
Eu não iria e nem estaria, em lugar algum, além de mim 
Além do mais, uma ostra não é um peixe e peixe não é coral
 Cada um com a sua medida 
Não há forma certa ou errada de compreender a vida 
E se eu lavo as minhas mãos e me dou por vencida, Mikhail 

É porque sei que não sabemos de nada 

E na verdade, a verdade nunca foi nada mais do que aquilo que sempre queríamos ter ouvido. 

Queira querer menos 
Deseje desejar menos 
O que eu quero não tem limite 
No entanto, Mikhail, eu tenho sido o próprio limite de todas as coisas...