quinta-feira, 22 de outubro de 2020

 


Deixe que as coisas aconteçam da forma como tem de acontecer, Arminka 

Libertar ainda é uma maneira de permanecermos em nós mesmos, 

não somos o centro de tudo 

Mesmo quando fomos firmes contra a maré estávamos cercados pelas encostas dos nossos sonhos. 

Arminka, por que insistimos em procurar por aquilo que sabemos que irá machucar nossos olhos ardendo nossa alma?

 Você sabe quem tem nos rondado? 

Sim, sabemos já 

não é senão a raiz oculta cujos olhos espreitam sob a escuridão das nossas próprias sombras 

sobe rastejando em forma espiral contornando-nos dos pés à cabeça, cercando nossos pensamentos 

Quem melhor conheceria os limites da nossa própria consciência acerca de nós mesmos? 

Incessantes vozes falantes geradas pelos rastros enfurecidamente dopaminérgicos deixados no sistema límbico em nós



segunda-feira, 3 de agosto de 2020






Aos poucos, Arminka, aos poucos

Numa primeira vez, eu me impeço
guardo para mim, apesar do profundo amargor que causa
a ponto de não conseguir deixar de transparecer o desgosto
no peso da seriedade que me abate

É a partir disso que pondero um valor entre mim e a situação 
A gênese do fundamento que me guiará numa próxima vez, 
que está por vir, Arminka, está por vir

Numa segunda vez, eu me expresso
as palavras extraídas do fundamento transcrito numa bandeira que junto de uma estaca
finquei em meu peito
Não, Arminka, eu não estaria derrubando algo
Como perder o que já está perdido?

Se uma situação vem a partir de uma escolha alheia, já não depende mais de mim
definitivamente já é o que queria ser, o que penso não impedirá que continue sendo
E se isso se choca com o que há dentro de mim é para que eu perceba claramente
que as coisas não são bem como eu pensava que fossem

E não posso ficar nas mãos de uma vontade que não me pertence
por isso, numa terceira vez, eu me despeço












quarta-feira, 5 de fevereiro de 2020

...


Cat Rangel: The Empress


Phorbs, Caeiro disse: " pensar é estar doente dos olhos ",
Mas ver é estar mais ainda, mostrar, então, é o ápice patológico
Se o que ilumina o olhar é a direção da vontade, o que os lobos querem ver,
derrama amígdala a paranoia que escorre pelo occiptal e temporal fazendo de conta que alcança e se choca com a fóvea

Ah... todas as poeiras que refletem o que achamos que vemos ou que queremos ver

Você acredita em destino, Phorbs?
Eu acredito que a vida saiba mais sobre a vida do que nós, pois o limite da nossa compreensão é a dicotomia para o entendimento e escolha sobre tudo.  E se tivermos que decidir, melhor que escolhamos o silêncio para que façamos a escolha de escolher ouvir o som da grama crescendo, os pelos da ovelha subindo, o som de um tenro galho encompridando, nada mais além de deitados aos pés do deus Heimdallr.

Passemos então contemplando o que se pode contemplar em silêncio, Phorbs. Porque o barulho do mundo não acrescenta mais do que repulsas e vontades, oferecendo banquetes de comidas que ao contrário de nutrir e saciar, deixa-nos insaciavelmente famintos.
Distraídos, não cuidamos do que é nosso.
E nossa é a escolha dos pensamentos